sexta-feira, 21 de março de 2008

Mapa-mundi


E aí galera dO Câncer...
Eis que finalmente o cancerígeno Andreizówski mandou um texto pr'este blog degenerativo. O autor é o jornalista e escritor uruguaio Eduardo Galeano, figura importante para a América-Latina. Esta discussão rende...
(Tiaguera Gaita Negra)

Mapa-múndi

Ao Sul, a repressão. Ao Norte, a depressão.
Não são poucos os intelectuiais do norte que
se casam com as revoluções do Sul só pelo prazer de ficarem viúvos.
Prestigiosamente choram, choram a cântaros, choram mares, a morte de cada ilusão;
e nunca demoram muito para descobrir que o socialismo é o caminho mais longo para chegar
do capitalismo ao capitalismo.
A moda do Norte, moda universal, celebra a arte neutra e aplaude a víbora que morde a própria cauda
e acha que é saborosa. A cultura e política se converteram em artigos de consumo.
Os presidentes são eleitos pela televisão, como os sabonetes, e os poetas cumprem uma função decorativa. Não há maior magia que a magia do mercado, nem outros heróis mais heróis do que os banqueiros.
A democracia é um luxo do Norte. Ao sul é permitido o espetáculo, que não é negado a ninguém.
E ninguém se incomoda muito, afinal, que a política seja democrática, desde que a economia não seja.
Quando as cortinas se fecham no palco, uma vez que os votos foram depositados nas urnas, a realidade impõe a lei do mais forte , que é a lei do dinheiro. Assim determina a ordem natural das coisas.No sul do mundo, ensina o sistema, a violência e a fome não pertencem à história, mas à natureza, e a justiça e a liberdade foram condenadas a odiar-se entre si.

Eduardo Galeano

segunda-feira, 10 de março de 2008

ENSAIO SOBRE A PASSAGEM DO CRISTO NO MUNDO E SEU LEGADO POLÍTICO – CÔMICO - TRÁGICO

Da revolução social ao igrejismo mercantil

Tiaguera Gaita Negra Man


Yeshua, conhecido hoje como o primeiro cristão da história, foi um judeu de paz&amor. Sua juventude foi especialmente cheia de virtudes. Diferente da maioria dos judeuzinhos, o garoto Yeshua logo despertou interesse pelos mais diferentes campos do saber:



- filosofia - adorava mitologia;
- literatura - inspirado nos mitos, criou diversos contos, também chamados de parábolas; e ainda devorava as antigas escrituras hebraicas. Seu autor de ficção favorito era Moisés, a quem se atribui o best-seller “Pentateuco”. O “Gênesis” era o livro de cabeceira de Yeshua;
- política - tinha enorme apreço aos debates com os velhos sábios nas escadas do Templo de Jerusalém e logo cedo optou pela esquerda, devido principalmente à condição de classe ocupada pela sua família: o pai era marceneiro em uma grande indústria moveleira e a mãe era empacotadeira nas Casas Belém;
- música - sua banda favorita era “Os Reis Magos do Oriente” e, no estilo clássico, curtia muito os “Salmos de Davi para Flauta e Coro”;
Não era muito apegado à religião, porque achava tudo uma grande ferramenta de dominação das massas.

Não demorou muito para que o rapaz fizesse amizade com outros jovens. Aos poucos Yeshua formou um grupo de amigos, do qual era líder por espontaneidade. Rebelaram-se contra o sistema, abandonaram as cidades e passaram a ser nômades vivendo em comunidades. A partir daí rolou muito sexo, drogas, rocha rolando em tudo que era monte, festivais onde se dançava nu em regiões de campos às margens do Jordão e em acampamentos no deserto; e é claro, muita paz & amor. Cabelos e barbas cresceram. As vestes passaram a ser tecidos grandes e folgados. Bebiam um melzinho verde das Índias, com sabor ácido, que os deixava pra lá de Bagdá. Alimentavam-se de peixes que pescavam no Mediterrâneo e pães trazidos pelo grande número de pessoas que aderiam ao grupo. A vida em comunidade os ensinou a partilhar o que era de ordem material. O principal fenômeno conseqüente desta prática foi posteriormente chamado de “multiplicação dos peixes e dos pães”. O campo espiritual era levado muito a sério pelo grupo. Rezam as lendas que grandes feitos foram operados por Yeshua, sendo o mais famoso a transformação de água em vinho. Conta-se que, nesta feita, Yeshua bebeu tanto vinho que passou quarenta dias e quarenta noites soluçando. O ruído produzido pelo soluço, segundo a lenda, pode ser escrito pela onomatopéia “hippie”. Em verdade, vos digo que a grande maioria desses fenômenos de esfera espiritual, cujo conhecimento é amplamente divulgado e ofertado hoje em dia pelo mercado igrejista, não é nada além de ficção. Coxo que anda, cego que vê e defunto que sai da tumba é puro sensacionalismo para atrair audiência.




A revolução se encaminhava para o clímax quando, de um salto, começou a ruir. Eis que vinha à tona a mais profunda das mitológicas profecias de Johniel, filho de Lennão: “O sonho acabou”. Yeshua foi pego pelos caras do regime. Morto pelos donos do poder, com o aval do povo alienado. Tinha então trinta e três anos de idade. Não teve como fugir à cruz. Sua longa barba foi logo associada ao Partido Comunista. O Estado, autoritário e repressivo, era na verdade uma extensão do Império Romano - era preciso pagar impostos ao poderoso César, que se dizia dono do mundo. Em recordação aos quatro séculos de escravidão dos “Filhos de Israel” no Egito, o nome dessa política internacional ficou sendo “Neo-colonialismo”. Séculos mais tarde, alguns pensadores quiseram chamar esse período histórico e o período seguinte de “Globalização”, mas foram perseguidos porque, na época, ninguém acreditou que o mundo fosse redondo como um globo.















Judas, o traidor, foi oficialmente culpado por entregar Yeshua. O que só mais tarde emergiu aos pesquisadores desta corrente científica é que, na verdade, Judas foi apenas um bode expiatório. O próprio Yeshua relatara muitas vezes aos seus o destino que o aguardava. Deu-se, afinal, que Judas, ao invés de enforcar-se como acredita a quase totalidade da opinião pública, foi exilado. Em outras palavras, por suspeita de participação na “Sociedade Alternativa”, foi convidado a se retirar do país. Embarcaram-no direto para Roma, onde instalou-se de improviso nas periferias, às margens da sociedade. Lá, a massa alienada pelo organismo, depois de suar arduamente para comer o Panis, entretia-se assistindo ao reality show dos gladiadores no Circenses - que deveria ser essencialmente uma concessão pública, mas que era dominada pelos promoters de espetáculos sangrentos.

Enquanto isso, em Jerusalém, um grupo de fanáticos tentava ressuscitar Yeshua. Este, devido à repentina exposição pública, passou a ser chamado de “O Cristo”. Seus seguidores inventaram o “Fogo do Espírito Santo” e começaram a falar em línguas estranhas. Criaram um grande golpe de marketing e produziram um sósia de Yeshua para simular a Ressurreição dO Cristo. O nome do sósia era Paulo, porém, com a nova mania de falar em línguas, os adeptos de Yeshua lhe deram, ao acaso, um nome que soava semelhante à língua dos povos bárbaros bretões encurralados por Roma naquele tempo. O nome era, precisamente, Billy Shears. Outros, também pelo acaso da nova língua “espirito-sântica”, preferiram o chamar de Paul. Mas a parceria não durou muito. O quarteto dos evangelistas, que na dita língua era chamado de Sargent Pepper's Lonely Hearts Club Band, logo foi abandonado por Paulo que, arrogante e ambicioso, preferiu seguir carreira solo em outras paradas. Enfim, depois de iludir algumas prostitutas, pescadores e soldados com truques de mãos perfuradas por pregos, todos os homens de Yeshua, inclusive Billy Shears, se dispersaram. Pelo menos em Israel, os agitadores foram dominados e a situação foi controlada. Tanto que por lá, até hoje, O Cristo não é tido por grande coisa.

Já em Roma, a repercussão foi diferente. Paulo, em suas andanças divulgando as idéias dO Cristo - sempre com interesses pessoais, é claro -, acabou por encontrar Judas. E como este havia guardado as trinta moedas de prata de que tomou parte no grande mal-entendido da “traição”, resolveram montar um negócio. Alugaram uma sala comercial razoável e fundaram a IGREJA dO CRISTO. Logo o ex-agitador Simão, O Pedro, juntou-se a eles no novo e promissor empreendimento. O começo foi complicado. Passavam a maior parte do tempo remetendo epístolas para possíveis clientes da empresa e, às vezes, eram presos.

Mas o sucesso finalmente chegou e os fez prósperos empresários. A igreja assumiu uma estratégia popular e conquistou tantos romanos miseráveis que, mesmo sendo pobres coitados, abarrotou os cofres da empresa. A antiga religião romana ia perdendo seu espaço e o governo, desesperado, eliminou Simão. O sócio da IGREJA dO CRISTO morreu tão gloriosa e dolorosamente quanto Yeshua. A maioria dos estudiosos defende que Paulo aproveitou bastante o dinheiro que ganhou, e morreu de velhice. Para sobreviver ao governo romano, acredita-se que Paulo tenha comprado sua liberdade de César a custa de muita prata. Quanto a Judas, esse foi longe. Viveu muito além de Paulo, e sua igreja prosperou tanto, que suas 30 moedas de prata viraram 3.000.000 (três milhões) de moedas. Por isso, o dono lhe alterou o nome, para ajustar à nova realidade numérica: IGREJA CAPITAL MERCANTILISTA DO SÉTIMO DÍGITO. Somente três séculos depois, os homens do poder, enfraquecidos pela dimensão assombrosa da nova religião popular, decidiram aderir à nova tendência de mercado. A medida foi certeira. Judas faleceu, deixou a empresa na mão de acionistas, e Roma finalmente estatizou a Igreja. Dessa vez lembraram de Simão, O Pedro, figura interessante para o papel de mártir, e o passaram para a história como o primeiro Papa da IGREJA CApiTÓLICA APOSTÓLICA ROMANA.

Considerações Finais


Este ensaio, de criterioso método científico, é um resgate da passagem do judeu Yeshua pelo mundo, por um viés ocultado propositalmente pelos detentores e protetores de tal conhecimento durante os séculos. Após este levantamento de fatos e contextos sociais, políticos e cômico-trágicos que permeiam a vida dO Cristo, concluí-mos que os seus ideais apaixonados serviram de ferramenta para a execução de um modelo social exatamente oposto ao que ele desejou. Quanto a Deus e o Diabo, esses, graças a Marx, Nietzsche e Cia., estão excluídos da conceituação aceita pela metodologia do presente estudo.

E vão pro inferno, seus diabêdo do mau!!!!!!!!!!!!!!!!

quinta-feira, 6 de março de 2008

***

E quanto a nós
Morremos aqui
Mendigando um dedo de Deus
Esperando a febre passar
O sol aquecer nossos rostos
E a água refrescar nossos corpos.
Sonhamos com dias melhores
Com dores menores
Com sorrisos sinceros
E amores eternos.
Escondemos nossos corações
Lutamos para não chorar
Fingimos compaixão
E damos tempo ao tempo.

ingo